sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

OS DESAFIOS DA MONTANHA NOS ESPERA




A partir deste momento a nossa aventura ganha um novo sabor. O trecho entre Puerto Maldonado e Cuzco é, sem dúvida, muito atraente e perigoso e desafiar a montanha é algo que agita a nossa adrenalina.
Aparentemente a distancia não chega a nos assustar – aproximadamente 530 km – mas quando se trata de subir montanhas o tempo a ser gasto é o dobro. Saímos do Hotel as 8h da manhã e pela experiência adquirida em outras viagem, sabíamos que não poderíamos perder tempo entre uma parada e outra.
Logo na saída tivemos problemas com o abastecimento das motos e do carro. A maioria dos Postos de Gasolina estava sem combustível e entre a saída de um posto e outro, somada a ansiedade do líder em pegar a estrada, acabou que nos perdemos um dos outros. Fico me perguntando, se não tem gasolina no Peru, deve ser por isso que a gasolina no Brasil ameaça subir pra R$ 3.15, ou isso, ou a Dilma continua a  nos roubar na cara-dura.
O Haroldo com a carretinha demorou a sair do primeiro posto e já não nos encontrou. O Bessa precisou olhar algo na moto e quando levantou a cabeça, já estava sozinho e o Abdiel aceitando ajuda de um nativo decidiu segui-lo e, claro, esqueceu os outros pra trás e o único que percebeu seu movimento foi o Abdiel Filho que conseguiu segui-lo até certo ponto quando ele entrou no posto sem aviso prévio e mais um se perdeu. Isso porque em tese do meu ponto de vista, líder deveria ser alguém capaz de ser seguido e não alguém que some na buraqueira, mas enfim...
Mais de quinze minutos se passaram até que todos espontaneamente decidiram se dirigir à saída da cidade e aos poucos foram se encontrando. O Líder Divino não estava errado, esses acompanhantes é que são devagar!!!!
Finalmente lá estávamos na estrada e logo começaram a aparecer as primeiras curvas e a tornar a viagem mais emocionante. As primeiras horas transcorreram sem qualquer transtorno até que o Bessa passou uma lombada sem atenção e no impacto o apoio do GPS quebrou e ele voou pelos ares. Olha e eu que achava que já tinha visto de tudo nessa vida, mas GPS voador essa é primeira vez.Tivemos que parar e aguardar as suas novas acomodações.
A estrada estava muito boa, mas a cada novo povoado começavam as lombadas e não são poucas, ocasionando novo atrasado na nossa programação. A cada nova lombada, eu pensava: Se eu pudesse enfiava essas lombadas naquele lugar de quem colocou essas lombadas aqui.Quanto mais subíamos mais a temperatura ia se alterando – Saímos de quase 35˚C para 6˚C – a chuva começou a cair e junto com ela a velocidade média desenvolvida, pois a pista ficou molhada e as curvas acentuadas, tão acentuadas que havia placas na estrada indicando que nesses lugares seria aconselhavam buzinar para orientar o motorista que viria em sentido contrário.A frase é – TOQUE CLAXON!!! E eu pensava, é melhor tocar o claxon, e cuidar pra gente não virar omelete!
Havia muita pedra que rolou das montanhas e das quais tenhamos que desviar e ficar de olho pra cima porque a qualquer momento poderia ocorrer outro deslizamento, além de que em alguns pontos a água cobria a estrada se misturando com as pedras.
A tensão era imensa exigindo concentração total na estrada. Para piorar, a neblina se intensificou e quase não se enxergava nada a frente. A velocidade foi reduzida a menos de 20Km/h. Nesse trecho ocorreram dois graves acidentes na estrada e a ultrapassagem se tornou difícil já que as duas pistas foram comprometidas.
Na parte mais alta da montanha ainda encontramos neve na estrada, com pista escorregadia já que parte delas já se tornara gelo. Tanto o Abdiel quanto o Bidinho chegaram a deslizar na pista e com muito esforço conseguiram manter a moto em equilíbrio.
O frio aumentou consideravelmente, com a temperatura caindo a menos de 6˚C, e chuva caindo intensamente, dificultando nossa visão e tornando a situação, em alguns momentos, ainda mais difícil.
Com tanto atraso não tivemos tempo para o almoço e tudo o que encontramos na beira da estrada foi maça estragada e banana e foi o que conseguimos comer, além de algumas barrinhas de cereais.
Uma situação que nos deixou muito preocupados foi a autonomia da moto do Bessa que por duas ocasiões teve que utilizar a gasolina que transportamos para casos de emergência. Essa preocupação se justifica porque ele vai retornar de Cusco a Porto Velho sozinho e terá que ter muito cuidado para não ficar por pane de gasolina.

O ponto mais alto de chegamos foi 4.725 MSNM (metros sobre do nível do mar) e nessa parada estratégica para tirar fotos alguns dos integrantes ficaram tontos e precisaram de um tempo para se recuperar.
Depois de tantas emoções, finalmente, quando já estávamos descendo a menos de 2.000 m de altitude a chuva parou e fomos brindados com um lindo arco-íris e ao cair da tarde o por do sol no horizonte se apresentava cheio de cores e beleza incomparável.
A distancia aqui se mede em tempo e quando faltavam 40 minutos para chegarmos em Cuzco nos deparamos em uma encruzilhada. O Abdiel, como sempre, se aproximou do cruzamento e decidiu fazer uma conversão à direita e se distanciou do ponto critico e claro, com exceção do Bessa que o seguiu, os outros foram em sentido contrário e na estrada não tinha como retornar, a não ser a moto (HD) que apesar da dificuldade conseguiu retornar, porém, o carro teve que continuar até encontrar um lugar seguro para fazer a manobra.
Nesse local o Abdiel Filho informou que, já a algum tempo, vinha descendo sem os freios traseiros e se equilibrando com muita dificuldade.
Já eram 8h da noite e, ali, no escuro, tivemos que colocar a moto na carretinha. Vocês não imaginam a aventura que foi. Todos tiveram que participar dessa empreitada. Na falta de lanterna só deu os celulares sendo usados. Uns procuravam pedra pra calçar a carretinha e outros desmontavam a carroceria do carro atrás dos materiais para prender a moto encima dela. Haroldo e Bessa, com muita porrada, desconectaram a ramba debaixo da carreta e preparam a subida da moto.
É claro que no meio de tanta tensão sempre sobra alguma coisa engraçada. O carro estava estacionado perto de uma vala de concreto relativamente grande e o tempo todo tínhamos que alertar um e outro para que tomassem cuidado e, - não deu outra - de repente nós vimos um cabelo loiro voando e um baque - corre todo mundo pro mesmo lugar e lá estava a Monica toda encolhidinha na vala. Difícil foi não rir daquela situação!!!
O Abdiel, com toda a sua experiência, conseguiu colocar a moto em cima da carreta e depois fixá-la com toda segurança para o restante da viagem. Quando a moto já estava bem acomodada o Haroldo foi escolhido para segurar ela lá em cima enquanto as cordas eram amarradas.
O maior problema foi a fome, estávamos todos desesperados e alguns como, eu e o Bidinho, com Cetose e isso só aumentava o estresse e o desconforto. Ufa!!! Agora estávamos aptos a continuar. Chegamos à cidade as 10h da noite e depois de algum tempo decidimos contratar um taxi para nos levar ao Hotel. A exaustão era tanta que só nos imaginávamos no quarto deitados em lençóis macios!!
E, mais uma fez o líder divino seguiu em frente sem olhar para trás, deixando Haroldo sem condições de manobrar a carretinha em tempo hábil para vê-lo seguindo o taxi e,lógico, não deu outra, eles se perderam.
Chegamos ao Hotel debaixo de chuva, cansados, irritados e sem comunicação com os demais integrantes da equipe e que ocupavam a Hilux  (Haroldo/Abdielzinho e Monica), vocês podem imaginar a alegria desse grupo!!! Com muito boa vontade eles finalmente conseguiram se comunicar conosco na recepção do Hotel e depois de mais alguns minutos se juntaram a nós e com a fome que estavam quase comeram o fígado do Abdiel.
A recepcionista do Hotel, muito gentilmente, percebendo o nosso cansaço e desanimo se prontificou a ir pessoalmente ao Mac Donald comprar alguns sanduíches que devoramos literalmente e finalmente pudemos descansar, sem hora para levantar, Graças a Deus.
Amanhã será um outro dia.
Boa noite a todos.




3 comentários:

  1. Momys, dads and Dinho e Monica.
    Tenho acompanho vocês todos os dias. Por favor, não sumam! Quase morri de preocupação!
    To morrendo de saudade e gostaria muito de poder estar com vocês, acho que se tudo der certo começo um novo estágio na segunda-feira. Torçam por mim.
    Pai, isso é sério, não faça isso com as pessoas, vocês são uma equipe, não deixe ninguém pra trás, isso é feio! ~.~
    Mônica, minha filha, como é que você vai contar pro meu sobrinho que caiu numa vala?!
    Dinho, se cuida ok?! Seu pai é doido, não seja como ele! Mantenha-se em segurança!
    Mutty, please, põe juízo na cabeça desse povo, se cuida, cuidado com a coluna, a filha te ama!!!
    Se cuidem, amo vocês demais!
    Beijos.

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  2. Ainda viverei uma aventura dessas com vocês e de moto! Beijos.

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  3. Mãe vc está ótima de relatora do blog, dei muita risada tanto com a historia do GPS, quanto a historia da vala!!! quanto ao meu pai, eu já fui vitima dele, portanto, sem comentários!!!
    espero que o Bidinho e a Mônica estejam curtindo a viagem!!! beijos!! amo vcs!! saudades!!

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