sexta-feira, 1 de março de 2013

A CAMINHO DE ASUNCION – PARAGUAY



Conforme meu último relato, chegamos a San Salvador de Jujuy, única cidade da Argentina onde pernoitamos. Em outras palavras, a Argentina serviu apenas de corredor para o nosso objetivo maior que era retornar a San Pedro do Atacama.
Chegando em Jujuy
As horas que antecederam nossa chegada em Jujuy foram as últimas percorridas na Cordilheira dos Andes e uma das mais bonitas.
A partir daí acabaram-se as montanhas e seus mistérios e o que tínhamos pela frente era apenas retas, que após algum tempo se tornavam monótonas. O que ainda despertava nossa atenção eram as enormes plantações e/ou pastagens que se estendiam no horizonte a perder de vista.
Ultimas visões da Cordilheira dos Andes
Nosso objetivo era chegar a fronteira com o Paraguay, que ficava na cidade de Clorinda – Argentina e onde estivemos a dois anos  quando fomos para conhecer Pucon e que à época já não nos deixou uma boa impressão. Naquela ocasião a moto HD estava quebrada e a seguradora nos transportou até a fronteira com o Paraguay e lá nos deixou, no meio da madrugada e nas mãos de uns mercenários e corruptos servidores públicos paraguaios.
Em razão dessa experiência estávamos apreensivos com a possibilidade de novo achaque e, não deu outra, pareciam abutres e nos cercaram de todos os lados.
Difícil traduzir a beleza desse lugar
Nos guichês da Argentina não houve nenhum problema e rapidamente nos liberaram, carimbando nossos passaportes. Agora, no Paraguay, seria melhor nem tecer comentários mais é impossível deixar de relatar a sensação de revolta diante da postura desses cidadãos.
Lembram do documento da BMW (original) que o Abdiel não sabe onde colocou? Pois bem, em todos os outros países isso não foi problema, contamos com a compreensão de todos (Peru/Chile e Argentina) e claro que isso não se repetiu no Paraguay, pelo contrário, serviu de mote para a já corriqueira cobrança de propina. Para evitar dor de cabeça isso custou $ 50,00 (cinqüenta dólares).
Encerrando mais uma maravilhosa aventura
Aparentemente o problema estava resolvido! Ocorre que o Bidinho quando esteve naquele País em 2010 não se preocupou em procurar uma Aduana Paraguai para carimbar o passaporte e mais uma vez ficamos na mão desses m.....!!
Não havia explicação que os convencessem de que ocorreu apenas um lapso e que o Bidinho não estivera vivendo naquele País por dois anos e de forma ilegal. Eles, mostrando a lei do País aplicaram uma multa, correspondente a $ 40,00 (quarenta dólares), que na moeda local seria $ 194.000,00 (cento e noventa e quatro mil guaranis).
Tocando as nuvens
Sem maiores alternativas o jeito era pagar! Até ai, tudo bem, o problema era que eles não queriam dar nenhum recibo que comprovasse o pagamento e o Bidinho dizia – Pago o que for preciso, mas quero recibo!! Um olhava para o outro e dizia – Faça o recibo para o rapaz e, nenhum dos dois se prontificava a preencher qualquer documento.
Em determinado momento um deles me chamou e disse que já havia feito a correção no sistema e enquanto mostrava a tela abriu uma gaveta e me disse para deixar lá o valor da multa. O Bidinho chegou na hora e disse – OK, o dinheiro vai ser colocado, agora quero o recibo!!
Como o impasse não chegava ao fim, um dos servidores resolveu levar o Bidinho para outra Aduana próxima, onde o Chefe deles poderia fazer o recibo.
Ficamos apreensivos esperando pelo retorno do Bidinho e do funcionário porque tínhamos medo dele ficar preso lá. Depois de algum tempo eles retornaram e liberaram a nossa entrada do País.
Já em Asuncion é que ficamos sabendo que o Bidinho peitou o Pessoal da Aduana e se identificou como Advogado e que sem recibo não poderia haver pagamento e que, conforme regra do MERCOSUL os brasileiros que transitam por esses Países não precisam apresentar passaporte, podendo ir e vir apenas com a carteira de identidade, portanto, aquela exigência era infundada.
Parando para o repouso e chegando os pneus
Diante de tantos argumentos, decidiram dar um desconto de 50% que foi radicalmente rejeitado pelo Bidinho – Não, pago tudo (100%) e com recibo!!!
Enfim, depois de muitas discussões decidiram por bem deixar como estava e ele foi liberado de qualquer pagamento e assim seguimentos em frente. Ele, feliz da vida por não ter se curvado àqueles urubus de quinta categoria. E pensar que na minha veia corre sangue paraguaio!!!   Fazer o que??
Seguimos para Asuncion e durante todo o trajeto fomos parados por outros policiais e, com a Graça de Deus, nenhum nos perturbou, pelo contrário, foram educados e prontos para nos dar as informações que precisávamos. A vida é assim, tem suas compensações!! Mas que safadeza tira a gente do sério, isso é fato!!!
Pneu desgastado e pronto pra estourar
Chegamos a Asuncion no meio tarde e fomos nos hospedar no Íbis Hotel que fica em frente ao Shopping Del Sol, muito bonito e prazeiroso, onde fomos jantar. Logo que chegamos á cidade o Abdiel, Bidinho e Haroldo foram a loja da HD levar a moto para consertar e no final daquela mesma tarde ela nos foi entregue, pronta, lavada e disposta a continuar rodando!!!
No dia seguinte, por decisão do Bidinho, nós nos separamos. Ele foi para Foz do Iguaçu e de lá para Cascavel-PR para visitar os tios da Mônica e nós seguimos conforme o combinado anteriormente – Ponta Porá, onde passamos a noite.
Preparando para subir a moto
Outra decepção, lá os preços também não estavam tão melhores! Compramos as lembranças pra família, pois difícil é chegar sem nada para alegrar a molecada e deixamos pra outro momento a aquisição de produtos mais elaborados, já que no Brasil podemos parcelar.
Já o Abdiel planejando a próxima viagem comprou dois capacetes SHOEI, na cor vinho para combinar com a minha boroca (bolsa de motociclista) que vai pendurada na lateral e contendo coisas emergenciais.
Comprou, a pedido, um Iphone para a Mãe Ju, um kit de maquiagem para a Laide e 2 litros de wisky para o genro arquiteto dele (Leandro) e outras cozitas mais....
Saímos no dia seguinte com destino a Coxim, já que a revisão da HD houvera sido feita em Assuncion e a nossa amiga Irma não estava em Campo Grande, pois fora ao RJ assistir Elton John.
Inúmeras plantações ao longo da rodovia
O Bidinho ficou triste porque queria que nós o esperássemos em Campo Grande para passar o aniversário deles juntos, mas como queríamos ganhar tempo seguimos em frente e ele acabou ficando em Cascavel por mais um dia e depois embarcou a Mônica com destino a Cacoal e seguiu sozinho de volta pra casa. Isso me deixou muito angustiada e preocupada com a segurança do meu filhotinho.
Até agora ele esta bem e eu estou rezando para que ele conclua sua meta com sucesso!!!
Por hoje é só.
Beijos a todos.

SAN PEDRO DO ATACAMA E SEUS VULCÕES




Chegando em San Pedro do Atacama 
 Chegamos a San Pedro no cair da tarde e aproveitamos para descansar um pouco, porque logo à noite sairíamos para jantar e dar uma volta pela cidade. A peculiaridade desse lugar é algo realmente impressionante. A cidade se confunde com o deserto e entre outras coisas, talvez seja por isso que pessoas do mundo inteiro, em especial os jovens – entre 16 e 20 anos lotam suas ruas e espalham alegria em vários idiomas, nos deixando a sensação de que deveríamos falar mais do que uma ou duas línguas e assim participar mais ativamente da vida deles.
Passeando pelas ruas da cidade
Andamos por suas ruas e visitamos as suas lojas e agências de turismo e assim marcamos um pacote para o dia seguinte, onde fomos conhecer os lagos salgados, onde flutuar é brincadeira e, também,  os dois olhos de águas salobras, que depois eu volto a falar.
Almoçando em frente a Praça de Armas
Feito o combinado, fomos jantar num restaurante onde um grupo de jovem se apresentava com músicas típicas e onde saboreamos um excelente jantar. Um detalhe, mesmo onde a democracia parece estar acima de qualquer preconceito, o capitalismo dita, naquele pontinho de mundo, as suas regras. O grupo de jovem que cantava as belezas regionais o fazia clandestinamente, tudo porque se negavam a pagar qualquer percentual do que ganhavam ao Estado e, portanto, proibidos de se apresentar onde quer  que fosse. Assim, de repente, no meio da apresentação, eles pararam abruptamente, se sentaram atabalhoadamente e com olhar cheio de medo espreitavam a porta de entrada do restaurante. Passado o susto, voltamos a apreciar o espetáculo da molecada!! Lindo!!!
Fazendo novos amigos
No outro dia, depois do café da manhã, saímos para passear e visitar alguns pontos turísticos e almoçar no restaurante localizado na Praça das Armas. Tudo muito agradável!!
Depois, no período da tarde, fomos conhecer os lagos e os dois olhos de água. Sinceramente, valeu a pena. Os lugares são realmente lindos e os jovens, tais como o Bidinho e a Mônica, aproveitaram para tomar banho e usufruir do lugar.
Depois do banho os guias prepararam um lanche a céu aberto e ficamos esperando o entardecer para apreciarmos o pôr-do-sol e, acreditem, foi fantástico!! O Abdiel encheu a cara de Pisco Sour (bebida alcoólica típica daquela região) e com a sensibilidade aguçada se emocionou com o espetáculo da natureza!!
Ao redor do lugar havia inúmeros vulcões, aproximadamente uns 40, alguns em atividade e com o pico coberto de neve!! Romântico!!!
Um homem perdido no deserto
Enfim, voltamos a San Pedro do Atacama e nos preparamos para recomeçar a viagem logo pela manhã do dia seguinte.
Saímos nas primeiras horas da manhã, com destino a ״Passo Jama״ , antes, porém, não posso deixar de mencionar que para não perder o vicio, a saída foi tumultuada porque o Haroldo e a Mônica se perderam pelas ruelas da cidade e nos deixaram desnorteados sem saber onde procurá-los. Depois de buscá-los nas duas saídas conhecidas e já sem saber o que fazer, o Bidinho resolveu perguntar a uma pessoa do local onde era a saída para Passo Jama e seguimos para lá.
Temperados com o sal do deserto
Adivinhem quem estava na fila da Aduana feliz e satisfeito?? Os dois ocupantes da Hilux – Haroldo e Mônica – e os outros panacas (Abdiel, Amélia e Bidinho) suados e nervosos chegamos atrasados e com vontade de ....... não fazer nada!! Aproveitamos e nos juntamos ao grupo e não perdemos muito tempo para fazer o check-out do Chile.
Um mergulho no olho d´agua salobra
Assim deixamos para trás mais um País, agora iniciávamos nossa travessia pelo norte da Argentina, em região para nós ainda desconhecida. Como disse anteriormente, já havíamos atravessado a fronteira no Cristo Redentor, onde cruzamos a Cordilheira dos Andes e chegamos a mais de 4.000m de altitude (Aconcaguá) e depois, em outra oportunidade, em Angostura, indo para Pucón, visitar o vulcão Villa Rica que estava em atividade.
Romance ao entardecer
Desta feita, a viagem foi bem emocionante e em determinado momento estivemos a quase 5.000 m de altitude, com paisagens de tirar o fôlego e com uma temperatura de 2ºC. Alguém lembra a expectativa da primeira t.... , é mais ao menos assim, ansiedade, palpitação e... de repente a realidade!! As vezes magnífica outras nem tanto. Desta vez valeu a pena!!
Como não conhecíamos a região decidimos que tentaríamos chegar até San Salvador de Jujuy, uma das maiores cidades apontadas pelo Google e no trajeto tivemos o prazer de descer montanhas dignas de cartão postal. Diferentemente dos outros lugares elas se apresentavam com cores variadas, do verde das matas ao vermelho escarlate das encostas, com recortes matizados das rochas!! Ufa, essa foi de tirar o fôlego!!
A caminho da Argentina
E, novamente, para não perder o hábito e por Graça do Divino, faltando poucos quilômetros para chegarmos à cidade, decidimos (Eu e o Abdiel) parar à beira da estrada e esperar a Hilux que, dirigida pelo Haroldo com receio dos abismos, descia lentamente. Nesse momento o Bidinho se aproximou e ao estacionar à nossa frente chamou a atenção do Abdiel que o pneu da moto estava demasiadamente desgastado e isso era muito perigoso.
Desempenho e rapidez
Não entendemos porque isso aconteceu, mais decidimos reduzir consideravelmente a velocidade e nos mantivemos a 80km/h e de olho no retrovisor para acompanhar o Bidinho. Isso não demorou 30m e ele já encostava a moto na beira da estrada, seguido da Hilux. Voltamos e, não deu outra, o pneu estourou e só não aconteceu nada porque, casualmente paramos para descansar e esperar o Haroldo. Coisa de Deus!!!
Só assim....
Colocamos a moto na carretinha e, por incrível que pareça, com uma rapidez inigualável, acho que pela experiência anterior. O Haroldo logo chegou com sua bolsa vermelha e dela retirou um par de luvas dignas de um mecânico e todos juntos colocamos a moto encima e chegamos, finalmente, em San Salvador de Jujuy, onde passamos a noite e logo pela manhã seguimos para Asuncion-Paraguay, para levarmos a moto numa loja especializada da Harley Davidson. Isso é uma nova história!!!
Por hoje é só. Amanhã eu conto os detalhes desse trecho da viagem!!!
Beijos a todos.