segunda-feira, 10 de outubro de 2011

ÚLTIMO TRAJETO E NOVA ZELÂNDIA NOS ESPERA

Oi Pessoal,

Como prometi a vocês, cá estou encerrando o relato de nossa trajetória a Pucón-Chile, onde fomos conhecer o vulcão Villarica. Cada dia, cada novo amanhecer, o inesperado se descortinava a nossa frente. Vivemos grandes emoções, algumas repletas de adrenalina e outras de calmaria e deslumbramento diante da beleza da mãe natureza.

Nosso ultimo dia na estrada não poderia ter sido diferente. Combinamos, durante o jantar, que sairiamos cedo de Ponta Porã com destino a Campo Grande, antes, porém, passariamos pela Aduana Paraguay a fim de carimbarmos a nossa saida do País no passaporte e, assim, evitar maiores transtornos no futuro caso queiramos regressar.

No dia seguinte, no horário marcado, estavamos na Aduana e, como era muito cedo, quase não tinha movimento e rapidamente estavamos prontos para pegarmos a estrada, não sem antes permitir que algumas pessoas tirassem foto da moto, o que, por sinal, aconteceu constantemente durante todo o percurso. Já estavamos nos acostumando ao assédio!!! Nos sentimos como celebridades!!! Kkkk

Tinhamos apenas 330km a percorrer e queriamos prolongar o momento que nos separava do final desta aventura. A temperatura estava amena e um vento suave soprava tornando a manhã refrescante. O Abdiel, envolvido em seus pensamentos, pilotava a 100km por hora, ritmo este, rapidamente aderido pelo Aluíldo. Planejavamos chegar em Campo Grande antes do almoço.

Já tinhamos percorrido aproximadamente 70km quando percebemos, pelo retrovisor, que o Aluildo havia se distanciado em demasia da nossa moto, o que era de se estranhar, pois durante toda a nossa viagem ele sempre se manteve sob nossas vistas.

Chegamos a pensar que ele, mais do que nós, estava protelando o momento da chegada mas, decidimos reduzir ainda mais a velocidade e de repente checar o que estava acontecendo. Finalmente, eis que ele aparece no retrovisor, porém, lentamente. Notamos que ele vinha pelo acostamento.

Quando ele chegou constatamos que o pneu traseiro da moto estava furado e dificilmente poderiamos continuar. Dá pra acreditar??? E o que é pior – Não poderia ser trocado em qualquer borracharia. Tinha que ser, obrigatoriamente, em uma concessionária BMW!!!

Ele encostou a moto e nós (Abdiel e eu) fomos até o local tentar uma ajuda. Nos informaram que se tratava de uma usina de Alcool (etanol), aquele produto que colocaram na moto do Aluildo quando vinhamos de Cuiabá. Acho que ela ficou viciada!!!

Graças ao pai não poderiamos ter parado em lugar melhor!!! No escritório que ficava próximo à rodovia e que abastecia os caminhões para distribuição do combustível, os funcionários foram

Olhando ao horizonte só viamos plantações e plantações de cana-de-açucar!! Ou seja, aparentemente estavamos diante do nada. O Aluildo decidiu exigir um pouco mais da moto e colocando o peso do corpo no pneu dianteiro conseguiu rodar mais alguns metros. Foi quando viu na lateral esquerda d1a rodovia uma estrada secundária que levava a um lugar parecido com um posto de gasolina. Parou na beira da estrada e dali nos acenava para evitar que passassemos direto sem vê-lo.

extremamente prestativos e fizeram o que podia para nos ajudar.

Após checarmos se havia sinal nos celulares verificamos que o do Abdiel estava com todos os pontos (Oh cellular porreta!!! Esse nunca falha), o Aluíldo tratou de entrar em contato com o S.O.S. da BMW e iniciou as tratativas para que a moto fosse rebocada para o lugar mais próximo.

Estavamos a 70km de Ponta Porã e 50Km de Dourados mas, infelizmente, o nosso socorro só poderia vir de Campo Grande, distante 250km de onde estavamos. Isso porque alegaram que só uma representante da BMW poderia transportar a moto e, claro, assumir toda a responsabilidade sobre o transporte.

O incidente aconteceu as 10:30h da manhã e pela primeira previsão o socorro chegaria as 13h. Resolvemos, então, aguardar pacientemente pela hora do resgate. Ficamos rodeando o escritório em busca de sombra, pois o sol estava inclemente! A nossa sorte é que à sombra sobrava um vento fresco que amenizava o desconforto da espera.

Próximo do Meio-dia começamos a esmorecer e o estômago a reclamar. Aproveitei a oportunidade que o rapaz do escritório me deu quando se aproximou para saber mais sobre nós e principalmente para admirar a H. Davidson e, na maior cara de pau, disse: Aqui na Usina deve ter um refeitório, certo? Que tal uma quentinha pra nós? Ele achou graça e disse que tentaria obter autorização para que entrassemos na Usina e fossemos ao refeitório.

Tempo depois ele retornou já com a autorização concedida, só tinhamos que pagar pela refeição – Impressionantes R$ 7,00 por pessoa!!! – Que dinheiro bem pago!! Digam, temos ou não muita sorte!!! Foi uma lauta refeição regada a suco de maracujá!! – Que delícia!!

Quando retornamos ao nosso posto de observação o Senhor responsável pelo escritório nos informou que a autorizada da BMW havia telefonado e dito que o socorro só chegaria as 15h. Nada podiamos fazer, então, fomos tirar uma sesta e literalmente cochilamos deitados na calçada.

Eu, cansada de sentar no chão ou ficar em pé e, abusando da hospitalidade, pedi uma cadeira emprestada do escritório e fui ler um romance em espanhol que o Abdiel comprou achando que eu não iria me interessar, ledo engano. O livro entitulado "La tierra Del Senhor Gengis Khan"!! Estou adorando.

Finalmente o reboque chegou – 15:30h. Tratamos de ajudar o Aluildo a colocar a moto encima do reboque e a apertar as amarras. Tanto o Aluíldo quanto o Abdiel questionaram o número de tiras (duas apenas) mas o motorista disse que já estava acostumado a fazer aquilo e que não havia motivo para preocupação.

Bom, como tudo aparentava estar em ordem, o Abdiel resolveu seguir em frente pois queriamos chegar em Campo Grande antes do escurecer. Realmente, chegamos ao entardecer no limite a cidade e as20h no Hotel. Qual não foi a nossa surpresa quando as 21h o Aluildo bate à porta do nosso quarto e nos conta que a moto “tão bem amarrada” havia tombado encima do caminhão, causando danos na pobrezinha. Sangrando o coração ele nos contou os pormenores de mais este incidente de percurso.

Enfim, no dia seguinte nós (Abdiel/Amélia) pegamos o avião para Porto Velho e o Aluildo teve que permanecer mais um dia para tentar solucionar o impasse entre a Concessionária e a Autorizada. O certo é que eles iriam reparar o dano e assumir total responsabilidade pelo ocorrido.

Uma coisa é certa: FARIAMOS TUDO DE NOVO!!!

Proxima Aventura: NOVA ZELÂNDIA.

Nos aguardem!! Beijo a todos que nos acompanharam.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

E O IMPOSSIVEL ACONTECEU!!!








Oi meus amigos,
É com muito pesar que me despeço de vocês. Esta é a minha penúltima postagem e já começo a sentir saudades. Já retornei a minha cidade - Porto Velho, mas me senti na obrigação de concluir o relato dessa nossa maravilhosa aventura. Decidi dividir em duas etapas para não cansar meus seguidores.Saimos de Asunción com destino a Pedro Juan Caballero e tinhamos como meta percorrer 440km, ainda no período da manhã. Como o Google Map não reconhecia a Rota 3 que era o trecho mais curto para a fronteira, compramos um mapa no shopping e constatamos que essa rota era toda asfaltada e por informações de terceiros (um grupo de motoqueiros de Campo Grande que estavam indo para o Atacama-Chile) não havia nenhum inconveniente com ela.


Deixamos o Hotel (Ibis), por sinal, excelente e localizado em frente ao melhor Shopping de Asunción e seguimos para Ponta Porã. No meio do caminho paramos para comer uma ¨chipa¨comida típica do Paraguay (parece com pão de queijo) e muito saboroso.




Uma observação importante: o trajeto todo é povoado, as vezes com cidades relativamente bem estruturadas e na maioria das vezes por pequenas localidades, o que torna a rota perigosa porque tem muitos animais no acostamento e muito transito de pessoas, de um lado e de outro da pista. Além de quase não existir sinalização horizontal - Pulamos não, voamos sobre um quebra mola a mais de 60km por hora. Fica aqui o alerta!!

Fora esse inconveniente, a região é muito bonita. Chegamos em Pedro Juan próximo do meio dia e fomos diretamente para o Shopping China, afinal, até esse momento, não haviamos comprado nada por total falta de espaço para o transporte.

Logo na entrada ouvimos uma música paraguaia muito bonita e, eu principalmente, achei que era um CD, mas ao termino da música ouvi aplausos e constatei que ¨una hermosa muchacha paraguaia¨ estava cantando no restaurante.





O Abdiel não sossegou enquanto não foi para perto do palco e comprou 3 CD`s para ele e 01 para o nosso amigo Nery, esposo da Dra Irma, que tão gentilmente tem nos acolhido em sua casa e nos oferecido excelentes momentos de lazer em seu sítio.

Atravessamos a fronteira (seca, uma rua) e fomos nos hospedar em Ponta Porã, no Hotel Barcelona, que por sinal é bem agradável e de boa localização.

A noite saimos para jantar num restaurante oriental, que fica na rua mais movimentada da cidade. Degustamos um combinado de sushi/Sashimi, regado a cerveja, porque o Abdiel não podia tomar vinho (tudo culpa do ácido úrico - Gota). O Aluíldo, como sempre, tomou a tradicional coca-cola, com gelo. Durante toda a viagem, nós não conseguimos perverte-lo, nem ele conseguiu converter-nos!!! Mais tudo bem, o importante foi a excelente companhia!!

Por hora é só. Deixo para amanhã o relato final que, por incrivel que parece, o IMPOSSÍVEL aconteceu!!!

Beijos e até amanhã.



sábado, 1 de outubro de 2011

762 KM PERCORRIDO E NOVO PIT STOP

Oi pessoal,







Depois de todos os transtornos que tivemos para chegar a Rio Cuarto e depois de passarmos o dia inteiro no saguão do Hotel esperando que a moto fosse consertada, o que realmente aconteceu graças aos mecanicos Roberto e Ezequiel, finalmente tomamos a estrada no dia seguinte rumo a Reconquista, Santa Fé, Argentina.


A moto roncava na estrada!! Saimos bem cedinho para ganharmos tempo e aproveitar melhor a manhã porque a temperatura é mais agradavel.


Tudo dando certo - Logo no primeiro posto de gasolina, um anjo da guarda nos desviou da Ruta 11 - principal via de acesso para Reconquista e cheia de caminhões transportando produtos agricolas da região e muito perigosa. Optamos, então, pela Ruta 1 - via secundária e que percorre toda a costa do rio Paraná. O lugar é maravilhoso e quase sem transito, com asfalto em muito boa condição de trafegar.


Abusamos um pouco das condições favoraveis e percorremos 762Km até Reconquista, onde chegamos ao cair da tarde - extremamente exaustos!!! e com a pretensão de recomeçarmos bem cedo a nova jornada rumo a Asunción, Paraguay. Mas, como diz o velho ditado - O homem põe e Deus dispõe.


Ao estacionarmos as motos em frente ao Hotel, o Abdiel, já muito cansado, resolveu que só guardaria a moto no estacionamento depois que estive já descansado e assim fez. Quando saimos para o jantar ele foi primeiro guardar o moto e ...tchan, tchan, tchan... a moto não pegou - Ela morreu, ela morreu e ninguém quis acreditar!!! Afinal, ela tinha acabado de sair de uma revisão e se mostrava tão valente, forte, disposta. A verdade é que nada a fez ressuscitar!! Tristeza, decepção e muita coragem para recomeçarmos tudo de novo.


A principio não sabiamos que decisão tomar, pois aqui na Argentina, nesta região, pouco ou quase ninguém tem Harley porque foi proibido a importação e consequentemente, dificilmente teria um técnico habilitado para fazer o reparo.



Mais uma vez a preseñça de Deus - na recepção do hotel encontramos um motoqueiro solitário e dono de uma Harley que ele ¨importou¨ dos Estados Unidos e estava voltando com ela para tentar cruzar a fronteira - Éder, que não é o Jofre, isso é explicação dada por ele. Ele nos disse que não deixassemos mexer na moto ali em Reconquista e nos deu um endereço de uma concessionária em Assunção, Paraguay. Jantamos na companhia dele e discutimos as possiveis estrategias para o dia seguinte.
Como dissem - A noite é uma grande conselheira - e, assim, no dia seguinte o Abdiel tinha tomado a decisão - Iriamos para Asunción e para isso tivemos que acionar a seguradora de veículos MAPFRE que, em tese, teria a responsabilidade de nos deixar no local onde ela pudesse ser consertada.


Depois de inúmeros telefonemas, registro de protocolos, etc, etc, contatos, estes, que começaram as 7:30h da manhã e que só nos deu um retorno plausivel as 13h, quando já exaustos de tanto esperar, resolvemos ir almoçar, eles finalmente nos informaram que o representante da seguradora no país iria nos tirar do hotel as 18h rumo a Asunción - 540 km.
Ficamos igual isopor na água, boiando o dia inteiro, buscando o que fazer e claro, usando o lobby do hotel. Na tentativa de fazer uma reserva num Hotel do Paraguay o meu Netbook sofreu uma avaria - um vírus quase detonou o coitado. Inconformada pedi ajuda ao Aluíldo que fez tudo o que sabia. Reinstalou o antivirus, fez uma limpeza dos cokkies e enfim...nada parecia resolver. Ontem, portanto, não houve blog.


As 18:30h chegou ao Hotel um jovem rapaz (Pablo) com a Grua - caminhão de reboque com plataforma móvel - (ver foto) que com maestria colocou a moto encima e a fixou para a longa viagem. Deixe eu explicar: Abdiel e eu, com os capacetes nas mãos embarcamos no caminhão e o Aluíldo em sua potente BMW nos seguiu por todo o trajeto até Clorinda, cidade argentina, fronteira com o Paraguay, distante 503km.


Viajamos a noite inteira e numa impressionante velocidade de 80 km a 100km por hora. Pobre


Aluíldo, sofreu igual sovaco de aleijado!! Nós dois (Abdiel e Eu) podiamos, de vez em quando, dar uma leve cochilada, mas ele, coitado, não podia vacilar!! Varou a noite acordado e entediado com a lenta jornada. Quase um pesadelo!!


Por falar em pesadelo - entre outros, o Aluíldo teve que fazer até bafometro - logo ele que não bebe nada alcoolico!! Isso porque o policial argentino,a titulo de cumprir suas obrigações, tentava de todas as maneiras fazer o Aluildo entender que poderia evitar tudo aqui se desse uma propina para ele. Fazia muito tempo que isso não acontecia com a gente na Argentina. O pavor do Aluildo era que os policiais de alguma maneira produzissem provas ilicitas contra ele. Segundo o Éder - aquele da moto ¨importada¨, ele não deveria ter essa preocupação pois tudo o que eles queriam era ¨propina¨ e não dor de cabeça, trabalho, segurando quem quer que fosse.



Finalmente, as 3h da manhã - depois de 6h de viagem - chegamos a Aduana onde o Pablo - o motorista da grua nos deixou, pois ele não poderia atravessar a fronteira (faltava autorização para transporte internacional). Acreditavamos que a seguradora teria providenciado o translado e nos tivesse encaminhado uma outra grua que nos levaria até a concessionária da Harley em Asunción. Ledo engano, estavamos abandonados no meio do nada, no meio da noite e para piorar a situação- NO PARAGUAY!!!


Inicio de uma nova odisséia: Tinhamos, por nossa conta e risco, que vencer 47 km até o centro de Asunción. Não se esqueçam - era madrugada!! e tudo que tinhamos era uns paraguaios dispostos a nos extorquir, tirar o couro!!! Tudo isso a titulo de dar uma solução aos nossos problemas.


Eis que o Aluíldo vencendo suas convicções resolve aceitar a extorção e contratou um táxi que ali estava na espreita do primeiro necessitado e este deu uma solução - com certeza nada segura, mas a única viável naquela circunstância.



A moto foi amarrada na traseira do táxi, por umas tiras velhas emprestadas de um caminhoneiro e o Abdiel - Meu Herói - subiu na moto e foi puxado por 37 km a uma velocidade média de 30 km por hora. Sobrevivemos e aqui estamos nós para contar mais esta aventura.


A moto foi finalmente consertada pelos responsaveis pela concessionária, o casal Antônio e Nany a quem devemos nossos sinceros agradecimentos por todo o apoio que nos dispensaram.


Amanhã, com a graça de Deus, sairemos em direção a Ponta Porã - B R A S I L !!!



Vamos cruzar o Paraguay pela rota 3, chegando pela rota 5 a Pedro Juan Caballero.


Que saudade dos meus três netos!!!


P.S. Até chegar em Asunción tivemos outras paradas ¨Obrigatórias¨ que nos deixaram sem nada no bolso - até nossos reais (R$) eles não dispensaram!!! Triste para alguem como eu que tem suas origens neste país. Quem sabe um dia isso tudo muda!! Torço por isso.




BEIJOS A TODOS