terça-feira, 21 de julho de 2009

O COMEÇO DO FIM - II ETAPA


Muito bom dia, caros integrantes e leitores, conforme combinado estou aqui para relatar os últimos dias que antecederem ao nosso retorno a Porto Velho. Como vocês já sabem, estávamos em Puno, onde descansamos e nos preparamos para nossa nova jornada. No dia seguinte partimos rumo a Cuzco e tivemos de passar por uma cidade chamada Juliaca (há uns 150km de Puno), foi então que iniciou o começo do fim... Parece confuso?! Então eu vou explicar. Quando nós chegamos em Juliaca nós tivemos que passar por uns 5km de feira livre no meio da rua, a moto como sempre passou numa boa, o problema mesmo foi o carro com a carretinha (vulgo dengosa). Vocês sabem aquela confusão que rola na Índia?! Pois é no Peru não é muito diferente, em dia de feira você vê de tudo, pessoas em todos os lugares, carros, vans, motos, triciclos , lhamas, alpacas, bicicletas, de tudo mesmo e em todos os lugares, numa profusão de cores e barulhos que quase te deixam louco! E foi exatamente nessa feira que nós ficamos presos (eu e o Jair), no começo pela dificuldade em passar pelas ruas apinhadas e depois porque uma moto ficou presa na parte traseira da carretinha o que obrigou o Jair a descer naquele transito louco e levantar em meio ao nervosismo a carretinha no braço, enquanto um monte de peruanos riam e se divertiam as nossas custas... Não foi uma cena muito legal de se presenciar, acreditem!
Passado o stress nós finalmente conseguimos atravessar a feira, saindo de Juliaca rumo a Cuzco. Não eram nem dez horas da manhã e o nervosismo da feira tinha sido tão grande que eu quis muitíssimo chegar em Cuzco, para que aquele dia acabasse logo, mal sabia eu que demoraria horas a fio para que isso pudesse acontecer. Há cerca de uns 12km de Juliaca a pista principal havia sido interrompida e nós teríamos que passar lateralmente por uma pista secundária de terra, foi quando começou a minha primeira dor de cabeça, afinal a Amélia tem problema de coluna e a trepidação ocasionada pela estrada de terra poderia lhe fazer um mal terrível, tanto que o Jair tava pra me defenestrar (jogar pela janela) de tanto que eu repetia: “Abdiel, cuidado com a Amélia ela é a única mãe que eu tenho!” Foi assim que a menos de 100m do fim da pista de terra o Abdiel, a Amélia e a HD entraram em um areião intransponível, sendo assim, claro, vi os meus pais rabiarem cinco vezes com a HD antes de irem parar direto no chão. Acho que dá imaginar o meu desespero né?! A Amélia levantou bem rapidinho, mas o Abdiel... Ele não levantou não, e o Jair não conseguiu parar o carro antes de eu abrir a porta, tal era a minha apreensão! Nunca senti tanto medo na vida! Quando nós corremos em direção a eles e conseguimos levantar a moto de cima do Abdiel veio a conclusão: A viagem acabou, pois com certeza algo de bem grave aconteceu com o pé do Abdiel! A Amélia disse que tinha visto o pé dele virar completamente e o meu medo aquela hora foi que ele tivesse tido uma fratura exposta ou algo pior que fizesse com que ele nunca mais andasse de moto novamente! Rapidamente nós deixamos a carretinha e a moto, ainda separadas, ao encargo de um dos homens que tomava conta das construções na pista e que nos avisou que só poderia olhar a moto e a carreta pelo prazo máximo de uma hora, pois era domingo e depois de meio dia as construções na pista acabariam e ele teria de ir embora. De modo que o Jair e eu não tivemos opção a não ser deixar o Abdiel e Amélia no hospital de Juliaca e voltarmos pra buscar a moto e carretinha, claro que não sem antes ter certeza que não existia fratura exposta nenhuma no Abdiel, mas ainda sem certeza nenhuma do que é tinha acontecido. O nervosismo tinha sido tão grande que nós não percebemos o quão longe nós estávamos do inicio das construções na pista até o fim, de forma que o stress que começou dentro do carro passou então a ser outro e o primeiro que me veio a mente foi: “Meu Deus, além de estar com a perna ferrada ainda roubaram a moto do Abdiel!” Mas, vocês sabem como Deus é perfeito não é mesmo?! Novamente ele nós enviou um anjo na forma de um dos homens que trabalhavam na rodovia, que dentre todos que afirmavam nunca ter visto uma moto parecida, este afirmou que tinha sim, visto uma moto e que nos levaria exatamente pra onde ela estava, além de, durante todo o percurso, enviar mensagens pelo rádio pra se certificar do ponto exato onde a moto se encontrava. Lá, depois de finalmente encontrar a moto e a carreta, nós colocamos (com ajuda desse cara e do outro que tinha ficado olhando a moto p/ nós) a HD em cima da dengosa, da forma mais segura possível e tentamos sem grande convicção voltar o mais rápido possível pro hospital. O que aconteceu foi que nós tivemos que passar no caminho de volta por aquela mesma estrada de terra lateral e descobrimos que a HD em cima da carretinha, numa estrada de terra, pulava mais que uma cabrita! Portanto, mesmo com toda a ânsia que podia existir em nós pra sabermos como é que o Abdiel estava, nós tivemos que retornar a uma velocidade de cerca de 20Km e/ou no máximo 40km/h. Pra mim, que estava um tanto quanto exaltada, foi uma barra difícil de agüentar! Mas, finalmente e felizmente nós pudemos chegar no hospital cerca de 1:30 da tarde e descobrir que dos males o que tinha acontecido com o Abdiel tinha sido o menor, afinal em meio a tantas coisas horríveis que poderiam ter acontecido, ele fissurou o tornozelo em dois pontos diferentes e onde ele tinha uma fratura calcificada de um acidente de carro, anterior a queda na moto, ele tinha arranjado um bom machucado! Mas afora isso, estava tudo bem e nós pudemos respirar aliviados, na certeza que estava na hora de nós voltarmos pra casa. Sendo assim nós só tínhamos uma alternativa: Seguir para Cuzco e de lá pegar a rodovia Interoceánica que ainda estava em construção. Idéia que ainda tinha que ser alimentada e planejada, de modo que nós seguimos para Cuzco pra que de lá pudéssemos decidir alguma coisa. Chegamos na cidade por cerca de 9:00 da noite, já sabendo que teríamos de deixar moto e carretinha no começo ou do lado de fora da cidade, pois as ruas de Cuzco são muito estreitas, além de ser quase impossível arranjar um estacionamento dentro da cidade, mais um tormento, pois nós tivemos que pegar um táxi que nos levou a três garagens diferentes até encontrar uma que não estivesse lotada. Até aí tudo bem, nós entramos dentro da cidade e fomos procurar um hotel p/ ficar. Quando nós chegamos no primeiro hotel e soubemos que ele estava lotado a tensão do dia inteiro, acumulada ao cansaço e ao sentimento de sujeira (eu tava coberta de graxa por ter ajudado o Jair a por a moto em cima da carreta!) me fez chorar feito um bebê, fazendo com que eu me sentisse ainda pior! Na terceira tentativa nós conseguimos encontrar um hotel chamado “La Residência Del Sol” que tinha vagas, além de uma dona que nos tratou com a maior das delicadezas e afabilidade. Acho que se o meu pulmão pudesse, teria saído ali mesmo, tão grande foi o suspiro de alivio que eu dei! Pelo o que eu pude notar de Cuzco, naquela noite, existem infinitas atrações turísticas, pois da mesma forma que San Pedro do Atacama a cidade fervilha de turistas de todas a s partes do mundo, sendo considerada uma das quatro cidades mais visitadas em todo o mundo! Incrível, uma coisa de louco mesmo! Pena que nós não tivemos a oportunidade de conhecer esse lugar, aparentemente tão bonito, teremos de ir lá novamente p/ conhecer tanto Cuzco quanto Machu Pichu, afinal naquelas circunstâncias em que o Abdiel se encontrava seria impossível querer conhecer qualquer outra coisa e nós tínhamos que planejar detalhadamente o nosso retorno. O dia seguinte foi de muito planejamento e resolução de problemas, pois a estimativa era de 17 horas de viagem até Puerto Maldonado, cidade ainda dentro do Peru, mas que liga o Peru até Rio Branco no Acre. O problema maior, é que 17 horas era para carros normais, mas nós tínhamos que arrastar uma carretinha com uma moto em cima, o que transformaria a nossa viagem em uma verdadeira jornada de volta p/ casa! Naquele dia o Abdiel e Amélia foram ao hospital e eu o Jair, fomos atrás de uma transportadora que pudesse levar a moto e a carretinha até Puerto Maldonado. Quando nós voltamos a perna do Abdiel estava completamente engessada e nós não tínhamos encontrado lugar nenhum onde a carretinha coubesse, tornando-se assim uma tarefa que tinha de ser feita por nós mesmos, sem grandes alternativas, eu e o Jair saímos p/ comprar travesseiros e comida. Graças amabilidade da dona do hotel, nós usamos a cozinha dela para fazer sanduíches que deveriam ser comidos para que nós não tivéssemos que parar para comer no caminho. Nunca mais eu como sanduíche de atum, isso é fato! Amanhã eu conto p/ vocês como foi a viagem de volta para casa e o que nós tivemos que enfrentar até chegar ao nosso destino
Aqueles que nos acompanham mesmo depois de tanto tempo... Beijos!

2 comentários:

  1. Bom, após mais de 60 dias rodando os países dos nosos "ermanos". Acredito que tudo tenha validao à pena. Tudo mesmo. As intempéries, o frio brrbrbrb, os acmapámentos, quero dizer "hotéis", a comida, enfim tudo. Fico feliz e aliviada com o retorno de todos vcs. Mesmo o pequeno acidente acontecido com o Sr. Bidão.Valeu. Valeu a coragem e o entusiasmo do chefe da gang, que decidiu e foi até o final, ou até onde lhe foi permitido ir...Um grande abraço a todos vcs, que assim como nòs (Eu e o Everson), gostamos de nos aventurar. A vida é uma aventura diária. Até breve. Chris.

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  2. Bem surreal eu diria....

    Bom retorno a todos...
    Melhoras pro seu pai.


    bjs pra vc

    Marjorie

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